sábado, 26 de abril de 2008

eterno retorno

A vida é estranha e, às vezes, me cansa de vivê-la. Não que eu pense em suicídio, homicídio (ou qualquer outra coisa que termine em “ídio”), mas é como eu estava falando com a Fá outro dia... as coisas cansam. O trabalho, a rotina, a procura (ou a espera) por um amor... afii, e o pior é que nem viajar adianta. As coisas parecem ficarem suspensas por um tempo, mas depois retornam. O velho –chato eterno retorno. Bom é saber que nessa onda de “eterno retorno”, coisas boas retornam. Saulinho retorna em setembro. Duda não retorna mais. Coisa mais esquisita.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Vamos cantar o blues da piedade

Eu sempre tenho a terrível sorte de sair de casa com um puta sol e eis que cai uma tremenda chuva. Tudo bem... não sou de me estressar à toa (!!!). Vindo para a faculdade, São Pedro resolveu mudar o clima sem avisos prévios e lá ia eu, de bermuda, sandália rasteira, uma sombrinha véia e caquética na bolsa só para dizer que sou uma pessoa precavida. A chuva desceu rancorosa e me molhei dos pés à cintura, até porque sombrinha só serve mesmo para proteger a cabeça e os ombros. Depois de descer a escadaria da faculdade de arquitetura (que eu odeio terrivelmente), avistei uma vítima lá longe – vinha na minha direção um carro branco de placa não identificada (porque eu não enxergo de longe). Parei na frente no carro e perguntei: “Eeeeeiii, você vai passar na frente do Instituto de Letras?”. Quem estava dirigindo era um gordinho que tomou um baita susto e muito timidamente me respondeu que sim. Questionei se eu poderia pegar uma carona até lá e ele só balançou a cabeça. Coitado... ô dó... molhei o carro do cara todinho. Primeiro foi ao abrir a porta e ficar com ela aberta por um tempo porque minha sombrinha véia e caquética não queria fechar; depois porque eu estava com a bermuda molhada e acabou molhando o banco. Tudo bem. No caminho, puxei conversa com o pobre do rapaz, até mesmo para que ele não pensasse que eu poderia ser uma ladra, uma psicopata. O pobrezito me disse que fazia engenharia civil e me olhou com aquele olhar de piedade, solícito por eu ser uma estudante pobre e sem carro. Quando me perguntou o que eu fazia, respondi: “mestrado aqui em Letras”, e percebi que o olhar de piedade se tornou muito mais intenso. Deve ter pensado: “ô cotchada, já está no mestrado e ainda não tem carro?”. Pois é. Tomei chuva, ganhei carona e olhares de piedade. “Vamos cantar o blues da piedade”!

*Ainda bem que existe gente que se compadece com a dor alheia.