quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Não, não me mudei
Ausentei.
Calei.
Respirei fundo.
Sufoquei, sufoquei, sufoquei.
E basta.
Doença que cresce calada,
merece cuidados e desprezo.
Votos de morte à morte,

(talvez odes de glorificação à saúde...).

Tanto faz.
No mais, pontos e pausas e reticências.
E mais petulância.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ô tempo, pára
Ainda que "pára" tenha perdido o acento
e restou para.
Para parar para as próximas paradas
preciso ficar parada.

E escrever.

É só.

sábado, 24 de outubro de 2009

acaça

E meu amor foi num passo miúdo
sem requebro, sem jogatina, sem malícia.
Dizia que seu nome
não tinha letra nem forma
que se instalava em qualquer canto
em qualquer proa.
Eu, daquelas dadas a fortes arroubos sentimentais
me exilei dele.
Em vão.
E sigo. Em cada canto, em cada pestanejada, em cada despertar
em cada furtiva lágrima,
Um-eu. Um pedaço meu, um sufoco meu, um riso meu.
Meu amor é bicho livre
bicho selvagem.
Domá-lo, tentarei
Ainda que seja em vão.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

.

Gatinhos quando morrem
viram estrelinhas lá no céu.

(tento acreditar que sim)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

.

Não Cazuza, eu não gosto de um amor inventado. É demodé.

domingo, 4 de outubro de 2009

Wishes

Eu quero uma porção de coisas:

· fotos ousadas de gente comum;
· nascer do luar em companhia de gente que me cativa;
· poesias em tudo e em todos;
· flores-flores-flores-flores (vivas!);
· abacaxi e melão maduros no café da manhã;
· dizer que”não sei” sem maiores preocupações;
· música-música-música (daquelas que me fazem ter vontade de ser cantora);
· cinema com direito a bis;
· Zeca Baleiro ou Caetano como música de fundo;
· minha audrinha sempre sorridente;
· vislumbrar o nascer do sol sem maiores preocupações com as rugas;
· amar-amar-amar-amar sem medo de ser brega;
· poder ter meus ciúmes sem me questionar se estou insegura;
· viajar mais e mais e mais e mais;
· miados de gatos;
· rimas e descompassos melódicos.

Anota aí Papai Noel!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

a prova

Se eu sou uma mulher sincera?

Isso lá é pergunta que se faça!??!?!?!?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Choremos!

Louca-louca-louca

Como comumente nos coloriram – ou eu? Ou você?

A nós, que hoje em dia não nos é dada a permissão e o direito de chorar, digo: choremos.
Choremos aquele choro bem doído, aquele que esteve bem calado, afugentado, atormentado de tanto ficar escondido, soterrado.

Já não choramos mais; não gritamos mais; não nos descabelamos mais. Não, não. Nenhuma lágrima, nenhum nariz vermelho, nenhuma maquiagem borrada pelo choro. Nada. Não choramos de raiva, de remorso, de ciúmes, de tristeza, de felicidade. Se temos vontade de chorar, de duas, uma: ou é Tpm, ou depressão. Se é Tpm, nos aconselham a comer chocolate e de acinte afirmam que você está desregulada hormonalmente. Se a vontade de chorar tiver precedentes (alguém morreu, você perdeu o emprego, o namorado te largou), a indicação é simples e medicinal: tarja preta para dentro. E assim vamos... mulheres ultramodernas, independentes, realizadas profissionalmente (mesmo que não seja verdade), de bem com a vida de solteira (mesmo que não seja verdade) e com uma nécessaire abarrotada de remédios (e de tarja preta!).

E assim vamos... já adquirimos a capacidade de não mais chorar assistindo a “Titanic”, “Ghost”, “Uma linda mulher”, “Cocoon”. Uma buzinada descabida já foi motivo para choro; hoje, para xingamento. Em uma festa você vê o seu grande amor se atracando com uma mulher muito feia. O que ocorre? Você engole o choro, finge que está tudo bem, encolhe a barriga, estufa o peito e suas amigas ainda completam: “ele não te merece, você é muito bonita e inteligente para ele. Ele não sabe o que está perdendo”. E assim vamos nós, mulheres, fortes, decididas, bem resolvidas e que guardaram o chororô para o tempo da vovó. Daqui a pouco nem teremos mais canal lacrimal...ou então será como o apêndice: está ali, mas não serve para mais nada.

Sê de piedade

Ai, teu cheiro ainda está aqui
Tua graça presença
Teu melindre
Teu engenho
mais um dia raiou.
Acaso não te disse?
Disse como sussurros,
como vozes entrecortadas,
como trovoadas.
Disse uma mistura de cores,
cheiros, embalos, retalhos;
Não te disse?
Talvez tenha dito sem muito alarde,
como aqueles beijos acolhedores (antes de dormir).
Mas disse.
Disse-dizendo-que-o-dito-destido-desterro
Vai e vem.
E vou.
E vamos? Será?
Pensemos: “Sejamos pornográficos” ao menos.
Da minha parte serei mais desejosa
Serei – além de tudo –
em um átimo ou na eternidade,
impiedosa.
Repleta daquela impiedade feia, suja e louca
recheada de gargalhas
(ninguém mandou levar tua graça presença embora)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Se

E se a minha vontade de te ver for maior?
E se a minha vontade de ficar sozinha imperar?
E se a minha vontade de brigar, xingar, te escorraçar for mais importante?
E se a minha vontade for anulada? Serei eu mesma sem as minhas vontades? Sem minhas expectativas, medos, demoras, hesitações?
E se... e se deixássemos de bobagem, desligássemos a televisão e virássemos para o lado para dormir, sonharíamos com sorvete de cappuccino?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pra você

- Será que você poderia voltar a me amar? Só mais uma vez. E se você pelo menos tentasse? O gatilho ainda não foi disparado e a ampulheta ainda tem areia de reserva. Tentativas podem ser boas opções em horas como essas. E se talvez a gente... nós poderíamos ir, sei lá, tentar, né? É uma boa idéia?
- o que?
- A gente...
- porque?

O narrador interrompe as lamúrias do sofredor e afirma que talvez essa história seja uma tragicomédia. Já colocou seu nariz vermelho hoje? Corre que ainda é segunda-feira e dá tempo de buscar aquela sua risada esquecida no banco de trás do carro. Vai logo!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

o

Voltei a amá-la,
mesmo com suas imperfeições.
Voltei a admirá-la,
mesmo com seu sarcasmo estridente e desnecessário.
Voltei meus olhos, ávidos pelo encontro com os seus.
Voltei meus ouvidos, minha atenção, minha emoção, minha razão.
Destarte, voltei.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Compro.

Compra-se tom.
Alugado não serve...
É para mim mesma,
para me compor,
me mostrar
me apresentar
me fazer Eu.
Ando procurando
em versos soltos
em sonetos alheios
em músicas mal cantadas
em noites de luar
no barulho do mar.
Assim, tenho desconfiado –
Encontrarei meu próprio tom
em alguma toca, em alguma esquina
ou no alto de alguma escada.
Enquanto o procuro,
o que me resta? Escrever!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Minha Ode

Ode aos fins de semana
Aos dias de sol
Aos dias de chuva
Às praias que inspiram o amor;
Aos filminhos chatinhos
Aos carinhos inesperados
Às confissões ditas baixinho...
ao pé do ouvido
pra lá, pra cá
Sem ordem, sem nexo, sem avesso
Sem vergonha, sem joguinhos, sem esperar algo em troca.
Eu disse “sem esperar”?
r-a-t-i-f-i-c-o:
espero ansiosamente,
entre clamores e súplicas –
Que chegue logo o próximo final de semana!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

ora pois pois

Pois é Drinha,
depois da chuva
dia limpo vem
Vem sol
vem o colorido
vem quem não tinha sido convidado.

Não – Não se trata de auto-ajuda
Ou dicas de Ana Maria Braga

É a vidavividavindo, a vida surrada
Sussurrada aos poucos
Ao esmo, em pontos de ônibus
em calçadas esburacadas
em aclives e declives
vendo o pôr-do-sol
debaixo de uma árvore
na frente de um computador
Sei lá, tanto faz
ao contrário da sua área
aqui nada tem de lógico e exato
Ufa... ainda bem!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Minha decisão

Está decidido:
A partir de hoje, chuva todos os dias!
Glória aos dias de chuva,
Aos dias de meditação,
Do leite com chocolate
Voz baixa
Música calma.

Dias para se pensar no amor perdido
No amor que ainda vem.
Exultemos estes dias nada cálidos
Dias que podemos ficar em casa
Sem obrigações externas
Não, a lua não me chama,
Eu não tenho que ir pra rua.
Meu canto. Minha letra.
Definitivamente: dias de escrita.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Ciranda

Dia da semana: sábado. Para se animar: música predileta. Para sair à toa: aquela roupa já batida. Para iluminar: boas risadas. Para conquistar: olhares e jogadas de cabelo. Para se entrosar: um bom papo. Para amar: mais amor. Para criar cumplicidade: dia-a-dia. Para ver se é de verdade: cotidiano/rotina. Para as brigas: brigadeiro como remédio. Para juras de amor sem fim: vinho tinto. Para as chateações: velhas amigas. Para reconciliações: dormir junto. Para novas brigas: velhas amigas. Para o desenlace: Cazuza. Para o momento fossa 1: corte de cabelo, tatuagem, promessa de regime. Para o momento fossa 2: brigadeiro mais Chico Buarque. Para o momento “quero a vida com ela é”: Nelson Rodrigues. Para afogar mais as mágoas: um bom porre com as amigas. Para a ressaca: água de coco. Para pensar que se pode ser romântico sem ser romântico: Caetano. Dia da semana: sexta-feira. Para se animar: as velhas amigas te convencem. Para sair à toa: sua melhor roupa. Para iluminar: suas amigas te dizem – “você está linda”. Para melhorar: ele te diz oi e pede seu telefone...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

a negação

Não, não gosto da chuva
da umidade
da solidão
da sensação de impotência
da obrigação do não-fazer-nada.
Os vidros embaçados
a sinusite atacada
as roupas que insistem em sair por aí
cheirando a coisa guardada.
Persisto que Salvador fica triste –
E o mar chora.

domingo, 19 de abril de 2009

.

Tem tanto tempo que eu não escrevo aqui, que acho que perdi um pouco o costume de postar algo. É que com a pressão do mestrado e a necessidade de escrever, o prazer de escrever é deixado um pouco de lado.
Hoje foi um dia bastante atípico. Sabe aqueles dias regidos completamente pelo paradoxo? Aqueles dias que te fazem pensar mais do que o costume, a repensar certas coisas que, normalmente, a gente prefere deixar para depois. Um exemplo? Fácil. Acordei com a notícia de que meu vizinho havia morrido na madrugada (morreu de velhice tadinho.. 95 anos!!). Almocei e fui com Dona Inez para o velório. Missa daqui, choro dali, meus pêsames acolá. Único substantivo (e bem abstrato): triste.
Chegou a noite e foi formatura da minha amiga Valéria. Entramos juntas para a faculdade, nos idos de 2003. Muita gente conhecida, vestidos glamorosos, chuva chata. Eu pra lá e pra cá. Tive a felicidade de ir com dois grandes amigos. Tirei foto também de beca (MOAHAHA) e daí piorou... êta nostalgia braba, vontade de não pensar no futuro profissional, nas contas para pagar, na morte... vontade de ficar em casa de tarde, vendo novela mexicana com a Grazy.. vontade de encontrar a Fá, ouvir as loucuras dela. Vontade de um monte de coisa e “Eu só queria amor, amor e mais nada” - citando meu amado Caetano.