quarta-feira, 28 de novembro de 2007

estranho ser

A morte (com m minúsculo mesmo) acordou cansada de tanto matar. Um fio tênue de piedade correu seu esquelético corpo, pensando em como deveria ser difícil ser ser humano e perder um ente amado. Sua foice ainda estava encostada na mesma parede branca e gélida de sempre. Olhou, pela primeira vez em toda sua existência, com carinho sua velha amiga de jornada. Pensou que bom mesmo seria ter alguém ao seu lado, mesmo que esse alguém não fosse exatamente de carne e osso, mas tão somente de ossos. Esses tipos de pensamentos nunca levam a lugar nenhum, hesitou a morte, vendo que estava ficando melancólica com suas reflexões. “Até pareço gente, que se queixa de tudo”, e desviou o pensamento para os arquivos que iria averiguar no dia. A próxima vítima do curso natural da vida seria um homem; nem alto nem baixo, nem moreno nem branco, nem magro nem gordo; figura mediana e comum. Mas algo foi despertado naquele lugar que deveria estar o coração da morte. Não soube dizer ao certo o que era, mas a imagem daquele homem, somente a daquele, ficou registrada em si. “Bom mesmo seria ter alguém para chamar de meu”, pensou enquanto se arrumava para partir para mais um dia árduo de trabalho. A morte, naquele dia, voltou para casa sorridente...sabe deus porquê.

2 comentários:

Flamarion Silva disse...

Olá, Andrea.
Li alguns escritos seus. Você escreve muito bem. Devia entrar firme na ficção. Tem um conto meu naquele blog: www.leitoracritica.blogspot.com Vá lá e leia. Abraço. E feliz Natal! para você e sua família.
Flamarion

Hyor disse...

é meio tarde, talvez nao veja o meu comentario mas obrigado por lembrar de mim... hehehehehe
beijos.